IA desenvolvida nos Estados Unidos é capaz de identificar odores
Em testes, a rede neural gerou um banco de dados que deverá auxiliar na busca de cheiros para novos alimentos, perfumes, produtos de limpeza e outros itens
Cientistas do Google Research, do Monell Chemical Senses Center, da Universidade de Reading e do Osmo Labs desenvolveram um modelo de inteligência artificial que é capaz de descrever cheiros – por exemplo, se é frutado, amadeirado, refrescante ou floral.
Em estudo publicado recentemente na revista Science, a equipe envolvida no trabalho afirmou que a sua rede neural gráfica é excelente para imitar farejadores humanos, pelo menos quando se trata de odores simples.
Para prepará-la para isso, primeiro foram inseridas estruturas e descrições de cheiros de 5 mil moléculas. A IA, então, aprendeu a reconhecer padrões nos dados de treino, correlacionando o odor de uma molécula com características dos seus átomos constituintes – suas identidades, tamanhos e ligações.
Na segunda etapa, 14 voluntários humanos concordaram em cheirar 400 frascos de líquido sem rótulo e relatar quais dos 55 odores eles detectaram em cada um. Por fim, a equipe gerou 500 mil estruturas químicas hipotéticas, e a rede inferiu rapidamente como deveriam cheirar, fornecendo um banco de dados que deverá auxiliar na busca de odores para novos alimentos, perfumes, produtos de limpeza e outros itens.
Para Stuart Firestein, neurocientista da Universidade de Columbia que não esteve envolvido na pesquisa, o resultado é uma bênção para o estudo do olfato, um campo que “se debateu durante anos à procura desta informação”.
Andreas Grasskamp, neurobiólogo que estuda percepção no Instituto Fraunhofer de Engenharia de Processos e Embalagens e também não fez parte do trabalho, complementou que a “abordagem oferece um grande potencial” para acelerar a busca por produtos de consumo com melhor cheiro.
Segundo a Science, as descobertas ainda podem ajudar a estabelecer a pesquisa olfativa como um campo equivalente à visão. Pablo Meyer Rojas, físico da IBM Research, explicou que o olfato, que nos humanos envolve uma proporção menor do cérebro e menos tipos de células receptoras do que em outros mamíferos, foi durante muito tempo considerado “um sentido primitivo que não valia a pena ser estudado pelos neurobiólogos”. Epoca