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(VIDEOS) O que levou Damião Soares a atear fogo nas crianças?

Damião Soares cometeu um dos crimes mais bárbaros dos últimos anos
«Ele fechou as portas da creche, ofereceu ‘sorvete de gasolina’ e abraçou as crianças». Investigação aponta que Damião Soares era ‘obcecado por crianças’. Polícia encontrou cartas e galões de álcool em sua casa e disse que ele cometeu o crime em uma data simbólica

Damião Soares dos Santos, de 50 anos, disse a familiares que «essa semana iria morrer». A informação é do delegado Bruno Fernandes Barbosa, responsável pelo caso.

O delegado diz ainda que uma perícia constatou que o vigia trancou as portas da creche antes de incendiar o local. Ele jogou álcool nas crianças e nele mesmo e, em seguida, colocou fogo. Cinco crianças de 4 anos morreram.

«Ele alegava que a mãe dele estava envenenando a água, e que isso estava trazendo problemas», disse Bruno, afirmando que Damião apresentava ‘sinais de loucura’ há alguns anos.

As postagens mais recentes dele no Facebook tratam justamente de envenenamento — por restaurantes e padarias.

Ainda segundo informações dadas pela família à polícia, Damião estava sem trabalhar há oito dias e estava desaparecido – por isso, a diretora da creche pediu que ele levasse o atestado médico ao trabalho.

«A diretora pediu que ele levasse o atestado, e ele disse que não precisava se preocupar com ele, porque ele era um sujeito sozinho. Porém, ele chegou na creche, de mochila, nem tirou o capacete, fechou as portas e já ateou fogo em uma funcionária que estava na cozinha», conta o delegado.

A perícia indica que ele fechou três salas da creche, onde havia entre 55 e 60 pessoas, segundo o delegado Bruno. O homem teria ainda segurado as crianças, impedindo que elas saíssem.

A professora Heley tentou conter a ação de Damião e chegou a lutar com ele. Ela também morreu na tragédia.

Motivações do crime

«Tenho plena convicção de que o crime foi premeditado, ele escolheu a data de dia 5 de outubro porque o pai dele morreu no dia 5 de outubro, há três anos», disse o delegado.

Na casa de Damião, a polícia encontrou cartas escritas por ele, nas quais dizia ter predileção e afeto por crianças. Também foram achados galões de combustível. «Encontramos seis ou sete galões de cinco litros com álcool», disse o delegado.

«Na casa, encontramos redações feitas por ele, falando do Estatuto da Criança e do Adolescente, textos aleatórios sobre infância e um CD com fotos de crianças brincando, tomando sorvete.»

«Apesar de não morar com família, e ter escolhido viver isoladamente, Damião se reaproximou da mãe nos últimos dias, dormiu com ela, e disse à uma sobrinha que iria dar um presente para a família, que iria morrer», contou Barbosa.

«Conseguimos um relatório do Caps [Centro de Apoio Psicossocial] indicando que ele estava em tratamento psiquiátrico desde 2014», completou o delegado.

Sobreviventes

Como era funcionário da creche, Damião tinha a afeição das crianças. De mochila, ele disse que havia trazido sorvete para comemorar o Dia da Criança. Mas no pote que ele exibiu, havia produto inflamável.

«Meu filho falou que o homem ofereceu para ele sorvete e quando ele correu para pegar, ele jogou gasolina e fogo», contou ao jornal O Tempo Edivaldo Samuel, pai de um menino atingido pelo vigia. Quando acendeu o isqueiro, Damião começou a abraçar meninos e meninas.

Andrea Rodrigues conta que o filho está na creche há seis meses. Kaio Phierre dos Santos, de 2 anos e 11 meses, estava na sala do maternal e sobreviveu ao ataque do vigia.

Ela conta que chegou no local e viu o filho sentado no chão, chorando. «Ele me abraçou e disse ‘desculpa mãe, desculpa mãe, o homem correu atrás de nós cheio de fogo’.»

Herói

Um vigilante foi uma das primeiras pessoas a chegar na creche onde ocorreu a tragédia. Ele relata que, depois de quebrar uma grade, conseguiu salvar 15 crianças do incêndio que atingiu o local.

«Deus que me deu força no momento e me mandou salvar e salvei. Mas tive que quebrar uma grade, e ainda vi 4 crianças morrendo lá dentro sem eu poder socorrer», relatou o vigilante à TV Bandeirantes.

«O que eu pude, eu fiz. Tirei umas queimadas ainda, mas está tudo em vida. Tirei quatro já mortos, não teve jeito de salvar», lamentou.

Vítimas

Segundo o Instituto Médico-Legal da cidade, morreram no ataque:

Ana Clara Ferreira Silva, 4 anos

Luiz Davi Carlos Rodrigues, 4 anos

Juan Pablo Cruz dos Santos, 4 anos

Juan Miguel Soares Silva, 4 anos

Renan Nicolas Santos, 4 anos

Heley Abreu Batista, professora, 43 anos